terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Vamos embora para Bogotá, notícias da deposição do prefeito


Foto do site Bogotá Humana
Ontem dia 09/12/2013, o Procurador da República da Colômbia Alejandro Ordoñez assinou a ordem judicial que depôs o Prefeito Gustavo Petro, além de o tornar inelegível e impedido de ocupar qualquer cargo público por 15 anos. Qual foi o crime do prefeito?  Em 2012, precisamente no mês de dezembro, o alcaide de Bogotá tirou das mãos dos filhos do ex-presidente a contratação do serviço de recolhimento de lixo da cidade capital. Com esse ato, ele programou um serviço estatal, contratando trabalhadores e recicladores de lixo. Ao aplicar o novo plano de limpeza, houve falhas e por alguns dias o lixo tomou conta da cidade, mas a situação foi normalizada.
A partir disso, a oposição conservadora entrou com ação de improbidade administrativa. Quase um ano depois, de maneira arbitrária, o procurador destitui Petro do governo executivo municipal. Diga-se passagem que o Prefeito é de tendência política de esquerda, ex-guerrilheiro do movimento M-19, desmobilizado nos anos 90. Creio  que a elite bogotana não digeriu a ideia de ser governada por um progressista, como eles o chama aqui.
O que é mais curioso é que depois do Presidente Manuel Santos, Gustavo Petro foi o
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candidato mais votado no país.  O povo escolheu seu representante e um Procurador, cargo nomeado, o depõe. Isso me faz lembrar golpe de Estado, mas, pasmem com esse detalhe, a constituição colombiana permite que um Procurador da República possa destituir um gestor público, sem julgamento da Corte Suprema.
Convenhamos que pode ter havido falhas na administração de Gustavo Petro, mas o que se escuta por aqui é que houve melhorias para a classe popular, de baixos recursos. O prefeito implementou serviços básicos, como água encanada, em bairros periféricos;  retirou da mão de um loby corrupto as licitações de  serviços públicos; reabriu um hospital para atendimento popular, já que a saúde na Colômbia é privatizada. Além disso, tem incentivado e realizado políticas públicas para o seguimento social LGBT. Ora a elite conservadora representada pelo Procurador Ordoñez não suporta essa ideia de um governo para o povo.
O que percebo aqui, lendo os jornais e vendo as manifestações nas redes sociais, é que
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Colômbia sofreu um golpe na democracia. Logo agora que há uma negociação para desarmamento da guerrilha. Ao que indica, há uma mensagem nebulosa da elite conservadora: “aqui não tem espaço para ex-guerrilheiros”. Querendo ou não, o tiro do Procurador saiu pela culatra, pois com a deposição de Gustavo Petro, a população bogotana tomou a Praça de (Simon) Bolívar, onde fica as sedes dos três poderes, e demonstrou que não se pode, por vontade própria, destituir a democracia  e o poder popular.

O que desejo, como estrangeiro, é que este nobre país encontre o caminho do diálogo, da
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paz e que extermine as arbitrariedades de uma classe dominante saudosista do período aristocrático colonial.




Denilson Lima Santos

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