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Ontem
dia 09/12/2013, o Procurador da República da Colômbia Alejandro Ordoñez assinou
a ordem judicial que depôs o Prefeito Gustavo Petro, além de o tornar inelegível e
impedido de ocupar qualquer cargo público por 15 anos. Qual foi o crime do prefeito?
Em 2012, precisamente no mês de dezembro,
o alcaide de Bogotá tirou das mãos dos filhos do ex-presidente a contratação do
serviço de recolhimento de lixo da cidade capital. Com esse ato, ele programou
um serviço estatal, contratando trabalhadores e recicladores de lixo. Ao
aplicar o novo plano de limpeza, houve falhas e por alguns dias o lixo tomou
conta da cidade, mas a situação foi normalizada.
A
partir disso, a oposição conservadora entrou com ação de improbidade
administrativa. Quase um ano depois, de maneira arbitrária, o procurador destitui
Petro do governo executivo municipal. Diga-se passagem que o Prefeito é de
tendência política de esquerda, ex-guerrilheiro do movimento M-19, desmobilizado
nos anos 90. Creio que a elite bogotana não
digeriu a ideia de ser governada por um progressista, como eles o chama aqui.
O
que é mais curioso é que depois do Presidente Manuel Santos, Gustavo Petro foi
o
candidato mais votado no país. O povo
escolheu seu representante e um Procurador, cargo nomeado, o depõe. Isso me faz
lembrar golpe de Estado, mas, pasmem com esse detalhe, a constituição
colombiana permite que um Procurador da República possa destituir um gestor
público, sem julgamento da Corte Suprema.
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Convenhamos
que pode ter havido falhas na administração de Gustavo Petro, mas o que se
escuta por aqui é que houve melhorias para a classe popular, de baixos recursos.
O prefeito implementou serviços básicos, como água encanada, em bairros
periféricos; retirou da mão de um loby
corrupto as licitações de serviços
públicos; reabriu um hospital para atendimento popular, já que a saúde na
Colômbia é privatizada. Além disso, tem incentivado e realizado políticas
públicas para o seguimento social LGBT. Ora a elite conservadora representada
pelo Procurador Ordoñez não suporta essa ideia de um governo para o povo.
O
que percebo aqui, lendo os jornais e vendo as manifestações nas redes sociais,
é que
Colômbia sofreu um golpe na democracia. Logo agora que há uma negociação
para desarmamento da guerrilha. Ao que indica, há uma mensagem nebulosa da
elite conservadora: “aqui não tem espaço para ex-guerrilheiros”. Querendo ou não,
o tiro do Procurador saiu pela culatra, pois com a deposição de Gustavo Petro,
a população bogotana tomou a Praça de (Simon) Bolívar, onde fica as sedes dos três
poderes, e demonstrou que não se pode, por vontade própria, destituir a
democracia e o poder popular.
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O
que desejo, como estrangeiro, é que este nobre país encontre o caminho do
diálogo, da
paz e que extermine as arbitrariedades de uma classe dominante
saudosista do período aristocrático colonial.
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Denilson Lima Santos
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