quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Pensamientos para acciones



El colonizador violentó nuestros pueblos negros e indígenas. Después dejó de herencia una élite que domina e  instaura en su discurso una "libertad" travestida de crueldad "democrática". Para mí, es imposible leer mis objetos de investigación y no comparar sus momentos históricos con lo que vivimos hoy.
Para que quede más visible mi pensamiento, trabajo en el doctorado con dos intelectuales afrodescendientes: Manuel Zapata Olivella y Abdias do Nascimento. Ambos se van a ver influidos por el período de los movimientos por los derechos de la población negra: desde la década de 30 del siglo XX hasta los años 70 con la independencia de los países africanos. Sus escrituras van más allá de la pura estética; son un posicionamiento político.
En este camino, encontramos un personaje de Zapata Olivella en el libro Changó el gran putas, Agne Brown; mujer, negra, estadounidense, que es la representación de tantas mujeres que lucharon por los derechos del pueblo negro. Queremos establecer un breve diálogo.
Ella fue escogida por los Orichas y en la narrativa de Zapata percibimos el tono que resalta el papel femenino en la lucha por los derechos civiles, una vez que el personaje está en el lugar simbólico de los Estados Unidos, en el período del siglo XX en que hay una reivindicación por la visibilidad de la población negra: “Changó, entre todos los ekobios [las negras y negros], te ha escogido a ti: mujer, hija, hermana y amante para que reúnas la rota, perseguida, asesinada familia del muntu [idea de humanidad a partir de la cultura africana, precisamente del pueblo bantú] en la gran caldera de todas las sangres” (Zapata Changó el gran putas 443). El papel del intelectual, en este caso, una mujer, será preponderante para establecer el pensamiento de la libertad universal que los negros también tienen la oportunidad de disfrutar.  El linaje ancestral siempre reiterado en la narrativa reaparece en la figura de Agne, pero como la recurrencia de una memoria olvidada: “Respira el aire libre, aquí estamos alumbrando el comienzo de tu nueva vida olvidada de la carimba que puso la loba blanca sobre tu soul” (Zapata Op. Cit. 443). La relación de la esclavitud, es decir, la relación de la dominación, hizo que el colonizador violentara la identidad del colonizado. En esta relación de dominación se instaura un “intermediario del poder utiliza un lenguaje de pura violencia” (Fanon Los condenados de la tierra 22). El arma del europeo fue la violencia física, psicológica y cultural.
Es por medio de este lenguaje de violencia, del que nos habla Frantz Fanon, que observamos cómo el colonizador hizo tan bien su trabajo de sometimiento que hasta hoy en día la clase dominante, por medio de un discurso travestido de “políticamente correcto”, invisibiliza los sectores sociales dominados y los aleja del espacio de poder.
Como señala Zapata Olivella, la loba blanca, metáfora para el colonizador europeo,  carimbó el alma de los colonizados, pero se olvidó de que la memoria de nosotros no fue aniquilada por completo. Siempre hubo en la historia quien no estuviese de acuerdo con la opresión. En nuestra posición, como intelectuales, renace el mismo sentimiento que hubo en Benkós Biojós, Bolívar, Malcon X, Zumbi de los Palmares, entre tantos otros, de reivindicar nuestra voz, la voz de los subalternos, la libertad y digo la libertad universal del ser humano, sin ninguna opresión, pero reafirmo: n-i-n-g-u-n-a. Es necesario observar y desarticular las armas de silenciamiento que un grupo dominante tiene para quitar los derechos inalienables del pueblo.

No hay duda, como ya decía Bob Marley: descolonicemos nuestras mentes. He aquí nuestro desafío: estar en  la sociedad y tener voz como negros, negras, indígenas, homosexuales, mujeres, pobres, gitanos y tantos otros subalternos. 

domingo, 15 de dezembro de 2013

A minha Velha


Desce a ladeira
E eu a amparo
Pés cansados, mãos firmes
É sempre assim, esse vai e vem ...
Minha Velha não se cansa
Força
Raça
Fartos seios que nos amamentaram
E no fim do dia
Sentada no passeio
Desfruta o justo sabor do café
E sob o tom vesperal do céu
Faz planos para o dia seguinte

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

A que hora passa o itinerário pra Pasárgada?



Senhor fiscal, dê-me uma informação:
A que hora passa o itinerário pra Pasárgada?
Lá quero ser feliz.
Nhô Bandeira me falou uma vez
Das brincadeiras,
De coisas que ele fazia com as mulheres,
E da bonança de deitar na beira do rio
De ouvir as histórias de mãe-d’ água
Contada por dona Rosa

Se o senhor não se importa, seu fiscal,
Queria só saber o horário
Pode ser de manhã, de tarde ou de noite
Só não quero perder esse itinerário

Quero conhecer o rei,
Talvez ele não seja intransigente
E não se importe que na minha cama quente
Deite-se quem eu desejar

Senhor fiscal, dê-me uma informação:
A que hora passa o itinerário pra Pasárgada?
Lá eu farei descobertas
Refletirei o nada
Desfrutarei do momento
Da alegria descomprometida.

Denilson Lima Santos

Medellín  12/12/2013

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Vamos embora para Bogotá, notícias da deposição do prefeito


Foto do site Bogotá Humana
Ontem dia 09/12/2013, o Procurador da República da Colômbia Alejandro Ordoñez assinou a ordem judicial que depôs o Prefeito Gustavo Petro, além de o tornar inelegível e impedido de ocupar qualquer cargo público por 15 anos. Qual foi o crime do prefeito?  Em 2012, precisamente no mês de dezembro, o alcaide de Bogotá tirou das mãos dos filhos do ex-presidente a contratação do serviço de recolhimento de lixo da cidade capital. Com esse ato, ele programou um serviço estatal, contratando trabalhadores e recicladores de lixo. Ao aplicar o novo plano de limpeza, houve falhas e por alguns dias o lixo tomou conta da cidade, mas a situação foi normalizada.
A partir disso, a oposição conservadora entrou com ação de improbidade administrativa. Quase um ano depois, de maneira arbitrária, o procurador destitui Petro do governo executivo municipal. Diga-se passagem que o Prefeito é de tendência política de esquerda, ex-guerrilheiro do movimento M-19, desmobilizado nos anos 90. Creio  que a elite bogotana não digeriu a ideia de ser governada por um progressista, como eles o chama aqui.
O que é mais curioso é que depois do Presidente Manuel Santos, Gustavo Petro foi o
Foto do site Bogotá Humana
candidato mais votado no país.  O povo escolheu seu representante e um Procurador, cargo nomeado, o depõe. Isso me faz lembrar golpe de Estado, mas, pasmem com esse detalhe, a constituição colombiana permite que um Procurador da República possa destituir um gestor público, sem julgamento da Corte Suprema.
Convenhamos que pode ter havido falhas na administração de Gustavo Petro, mas o que se escuta por aqui é que houve melhorias para a classe popular, de baixos recursos. O prefeito implementou serviços básicos, como água encanada, em bairros periféricos;  retirou da mão de um loby corrupto as licitações de  serviços públicos; reabriu um hospital para atendimento popular, já que a saúde na Colômbia é privatizada. Além disso, tem incentivado e realizado políticas públicas para o seguimento social LGBT. Ora a elite conservadora representada pelo Procurador Ordoñez não suporta essa ideia de um governo para o povo.
O que percebo aqui, lendo os jornais e vendo as manifestações nas redes sociais, é que
Foto do site Bogotá Humana
Colômbia sofreu um golpe na democracia. Logo agora que há uma negociação para desarmamento da guerrilha. Ao que indica, há uma mensagem nebulosa da elite conservadora: “aqui não tem espaço para ex-guerrilheiros”. Querendo ou não, o tiro do Procurador saiu pela culatra, pois com a deposição de Gustavo Petro, a população bogotana tomou a Praça de (Simon) Bolívar, onde fica as sedes dos três poderes, e demonstrou que não se pode, por vontade própria, destituir a democracia  e o poder popular.

O que desejo, como estrangeiro, é que este nobre país encontre o caminho do diálogo, da
Foto do site Bogotá Humana
paz e que extermine as arbitrariedades de uma classe dominante saudosista do período aristocrático colonial.




Denilson Lima Santos

domingo, 8 de dezembro de 2013

Colômbia dos sem fins II



        Outra experiência tive aqui na Colômbia. Conheci parte do oriente do estado de Antioquia cuja capital é Medellín. Cidades muito próximas, tão pequenas e acolhedoras: El Retiro, San Antonio de Pereira (que na verdade é um distrito pertencente à cidade de Rio Negro) e El Carmen de Viboral.
O tom colonial das cidadezinhas as torna charmosas e aconchegantes. As pessoas, ah! as pessoas... são tão amistosas, receptivas e cheias de calor humano. Não nego que me senti em casa, na Bahia.
Caminhava por El Retiro com um casal de colombianos, Carlos e Ana, quando um senhor, dono de um estabelecimento ímpar, nos viu e nos chamou. Os dois companheiros com quem  passeava, prontamente, me apresentaram e lhe disseram que eu era brasileiro e que estava
A casa de seu Carlos
conhecendo a região. Ele de imediato perguntou-me: - Como se diz bienvenido em português? Meu amigo e também estudante de português respondeu em uníssono comigo: bem-vindo. Carlos, assim se chamava o gentil homem, era xará do meu amigo, tomou uma caneta e um papel e anotou a palavra e a repetia sorridente para mim: - Bem-vindo, bem-vindo, bem-vindo. Muito simpático, nos apresentou o outro senhor que o acompanhava, Augusto, e nos convidou a conhecer o interior da casa. Era uma casa com uma fachada colonial, bonita e bem conservada. Quando entramos percebemos que era um sobrado à moda arquitetônica espanhola. Uma pracinha quadrada, pequenina e rodeada de cômodos divididos em dois pisos.
O senhor amavelmente nos mostrou um piano, aqui eles chamam de piano, mas era uma caixa de música... daquelas antigas.  Não sei como se chama, perdoem-me a minha ignorância, mas me recordo que nos filmes da sessão da tarde sempre aparecia uma, principalmente nas cenas que havia bares. As pessoas colocavam uma moeda e a caixa tocava uma música. Havia também, na casa de don Carlos, várias coisas antigas, mas o que o nobre cavalheiro vendia no seu pequeno negócio à frente de sua casa, era  mesmo guaro que é uma maneira carinhosa dos colombianos  nomearem a aguardente .
Quando já saíamos, disse-me: - Um gusto conocerle. Eu lhe respondi: - Em português dizemos: Foi um prazer conhecê-lo. Ele riu e respondeu com um sotaque agradável: - Obrigado.
Saímos contentes dessa recepção antioquenha tão singular. Como são parecidos os
Sacada de um sobrado em El Retiro
moradores de cidades pequenas. No meu país, aconteceria possivelmente o mesmo. Mas às vezes penso que aqui são mais calorosos, porque quando um colombiano sabe que sou brasileiro, vejo o brilho nos olhos dele. Pergunta-me sobre muitas coisas do Brasil inclusive a moda do momento: El mundial, ou seja, a copa do mundo. Como somos bem tratados no país do inesquecível Gabriel García Marquez, nuestro Gabo.

Caminhei, olhei as sacadas das casas coloniais e comi os saborosos postres (sobremesas) de San Antonio de Pereira. Em El Carmen de Viboral vi as velinhas, uma tradição colombiana quando, na véspera do dia 8 de dezembro, as acendem em homenagem à Imaculada Conceição.  Colômbia é pura festa. Música, muita comida, guaros e empanadas (pastel de batata e frango). Desfrutei gulosamente de um bolinho de milho, com cebola e sal frito: torta de choclo. As cores dos enfeites natalinos, a alegria das pessoas, tudo, tudo na
As crianças e a tradição das velinhas
Colômbia faz a gente querer bem, parafraseando meu conterrâneo Caetano Veloso. 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

A homofobia é a agressão contra a mulher

A homofobia é antes de tudo o desmerecimento da mulher. Por que se agride tanto o homem que quer ser mulher? Essa pergunta não cala e quero tecer uma breve reflexão sobre a homofobia.

Quando vejo esses rapazes que se julgam mais machos que os outros, muito viris e arrogantes a propalar insultos a um homossexual, eu me ponho a pensar sobre o que estes indivíduos representam para a sociedade. Chego a me perguntar se eles têm uma possível doença psicológica ou carência afetiva. Creio que o sujeito que age com violência contra um gay, uma lésbica ou um transexual é uma pessoa carente de amor. Carente de carinho, de afeto. O nosso desafio é amá-los, cuidá-los.

Outra questão é que o homofóbico não entende que quando um homem deseja outro homem, isso é apenas um estado natural do ser humano. Quando um travesti se veste, anda e se comporta como mulher é também uma condição do ser humano. São posturas a serem respeitadas.

Se um homem deseja, por motivos pessoais e naturais, se parecer com aquilo que lhe parece completo e sublime, ou seja, querer ser mulher é porque ter um corpo feminino completa a si mesmo como sujeito. É um processo de construção identitária difícil e desafiador, primeira devido à sociedade é violenta para com ele e segundo porque o indivíduo tem a coragem de enfrentar as adversidades.

Ser mulher é ser inquestionavelmente o melhor aspecto da vida. Dela nascemos, fomos gerados e nos geramos. O feminino é tão nobre que a ideia dele já era entendida por nossos antepassados aqui das Américas, quando nomeava a casa/terra de Pacha Mama. A grande mãe, a que gera o mundo.
A ideia da feminilidade é tão ancestral que nos esquecemos disso. Na história das religiões sabe-se que Javé já foi casado com Lilith e na tradição africana-nagô, Oxalá traz o princípio do masculino e feminino, sendo ao mesmo tempo Obatalá e Ododua, profundo mistério.


Assim, tudo isso me faz pensar sobre a atitude homofóbica. Toda vez que alguém agride, seja verbal ou fisicamente um homossexual, indiretamente ataca a mulher. Desmerecer o aspecto feminino de qualquer indivíduo é desprezar a essência da vida, a mulher. Por isso, nos urge eliminar toda e qualquer violência de gênero. A sociedade necessita respeitar a mulher, o gay, o travesti e o transexual, esse é um de tantos outros princípios para concretizarmos a paz.

sábado, 23 de novembro de 2013

Colômbia dos sem fins...


Peñol e Guatapé duas cidades encantadoras, a primeira foi  transferida para outra área devido a construção de uma hidroelétrica na região.  A segunda ficou imponente sobre uma colina, guardando seu ar de cidade do interior.











Conheci essa semana as duas e sem dúvida me fascinou. Como no Brasil, as cidades são formosas, aconchegantes e cheias de curiosidades para o turista explorar.
A cidade de Guatapé ferve no feriadão, é gente de todos os lados. Barco e lanchas lotados para fazer um passeio na gigantesca represa, tudo é muito legal.





É bonito entrar na cidade, andar pelas ruas pequenas e olhar as casa coloridas e com seus rodapés enfeitados com variados tipos de desenhos. Aqui, eles chamam de zócalos. As formas, as cores o sorriso das pessoas, o cumprimento matina com um  “Buenos días” é de uma simpatia que o colombiano sabe expressar muito bem.








A cinco minutos da cidade, nos deparamos com o Peñón de Peñol. É uma gigantesca montanha de granito com 659 escada até a base e depois você pode chegar até o pico, no total são 740 escada. O sacrifício da subida compensa. A vista é maravilhosa. A exuberância da paisagem faz você se sentir no céu.









Desvendar o caminho de Colômbia é o que eu chamo de atividade extraclasse. Outro Doutorado eu faço conhecendo gente de lutas e muitas histórias.


Denilson, Colômbia, novembro de 2013.

domingo, 17 de novembro de 2013

As reações contra o dia da Consciência Negra


Essa semana, em uma rede social, vi esta foto e chamou muito a minha atenção:


 (Desconheço o autor, se caso alguém saiba, informe-me que dou o crédito)


     Não tenho dúvida de que quem elaborou tal texto está repleto de preconceito, desinformação histórica e desconhecimento da luta do Movimento Negro Brasileiro. Mas me pergunto: por que o dia da consciência negra?
Primeiro vamos dar o crédito a Steve Bantu Biko (1946 - 1977) que foi um pensador negro sul-africano e ativista do movimento anti-apartheid na África do Sul, nos anos 60 do século passado. Ele reivindica e conclama os negros a ter consciência de sua origem e situação social para, assim, efetivar uma luta por justiça e igualdade. Obviamente não nos esqueçamos que, antes dele e junto com  ele, houve muitas mulheres e homens que já lutavam por isso nos movimentos sociais e culturais, como, por exemplo,  o Renascimento do Harlem, O Movimento Negritude, a Frente Negra Brasileira, entre tantos outros.
No Brasil, nossa luta tem um símbolo, o poema de Oliveira Silveira:
Encontrei minhas origens
Encontrei minhas origens
em velhos arquivos
                livros
encontrei
em malditos objetos
troncos  e grilhetas
encontrei minhas origens
no leste
no mar em imundos tumbeiros
encontrei
em doces palavras
               cantos
em furiosos tambores
               ritos
encontrei minhas origens
na cor de minha pele
nos lanhos de minha alma
em mim
em minha gente escura
em meus heróis altivos
encontrei
encontrei-as enfim
me encontrei.
Quando o negro ou a negra tomam consciência disso, como aconteceu comigo, começa a ver que todo o tempo foi educado para repudiar qualquer coisa que viesse de África (informo que uso de África porque me soa mais bonito). Não vou relatar aqui minha experiência pessoal, deixarei para outro espaço. O que quero reafirmar é que em homenagem a Zumbi dos Palmares, que morreu em 20 de novembro de 1695, o Movimento Negro Brasileiro propôs esta data como dia de luta, de afirmação indenitária, de reivindicação social, de reparação histórica, pois fomos vítimas de uma maldade sem precedentes no solo brasileiro. Não aceitamos comemorar o 13 de maio como a libertação da escravidão pela princesa Isabel. Tomamos consciência de nossa negritude e lutamos para mudar a situação de injustiça, porque encontramos nossas origens. 
Celebrar o dia da Consciência Negra é refletir o racismo brasileiro velado e dissimulado como na foto acima. É pensar sobre que papel, na sociedade, têm o negro e a negra brasileiros. Como é representado o negro no Brasil de hoje? A negra brasileira está alocada em que situação nas estatísticas sobre a violência contra a mulher? O jovem brasileiro negro ou negra têm oportunidades? Quais são? E o genocídio dos jovens negros no Brasil? E o racismo que lemos e vemos nos jornais? Tudo isso pode e deve ser refletido em casa, na escola, no bar, na praça, nos lugares de culto religiosos, enfim, em toda a sociedade.
Por fim, sem sombra dúvida, creio que foi, no mínimo, infeliz a ideia da pessoa que escreveu tal frase, como vimos na foto exibida acima. Precisamos sim, de consciência negra, de saber sobre nossas origens, de conhecer os ritos de nossos antepassados. Tudo isso é nossa história e nós aqui seguimos reescrevendo-a.
Para todos e todas desejo um 20 de novembro cheio de AXÉ!


17/11/2013

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Prece ao Rio Joanes



Oh Rio de minha aldeia que corre para o mar
Minhas memórias querem refrescar-se
Pedaços de mim estão aí, em ti Joanes.
Deste lado ouço a voz de meu pai
Sorrisos,  piadas e arrelias
Meu medo me impede de conhecer-te
Suas águas me assustam,
Mas seu leito me seduz

Oh rio de minha aldeia, permita-me
Quero cantar-te, cumprimentar-te
Hoje não tenho medo de ti
Já crescido, canto rezas ancestrais
Águas que me transformam,
Berço de minha senhora
Ouro, flores  e perfume que trago para ofertar-te

Oh rio de minha aldeia
Metade de mim és tu

Outra metade saudade.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Literatura en red, la escritura de negros y negras de Brasil

Literatura en red, la escritura de negros y negras de Brasil
Denilson Lima Santos
El proyecto estético literario, así lo nombramos, Ogum´s Toques Negros fue creado en 2012. Su actuación empezó en las redes sociales, con el objetivo de divulgar la literatura de negros y negras brasileños.
En una conversación con Guwellwaar Adún, escritor  e  idealizador del proyecto, nos dijo que en principio él sólo publicaba sus textos literarios en su propio perfil: “ Ogum's nació con un poco de ese instinto de divulgar algunos “toques” [en sentido de notas musicales] (nano contos, [cuentos muy cortos]), sin embargo después me di cuenta que la posibilidad era más amplia que mi ombligo dejaba ver”. La idea estaba más allá, era necesario ampliar la visión en red.
El hacer poemas se hundió con una lucha amplia, puesto que los nanos cuentos y los textos poéticos están en contra a la idea de que los afrodescendientes brasileños no hacen literatura. Para refutar tal idea no es sólo necesario citar Solano Trindade, Abdias do Nacimento, para empezar, aunque anterior a ellos ya existió Cruz y Souza, Maria Firmina, por ejemplo. Pero se hace relevante ver que en el escenario literario hay muchos otros y otras negros y negras que usan la escritura como el arte, a saber,  Mirian Alves, José Carlos Limeira, Landê Onawale, Mel Adún, entre muchos  otros.



 Se encaminó por las orgías
 de la derecha, folló
al centro y embarazó
la izquierda
 errante amaba el poder
(Nuestra traducción)

El tono político de los textos se interconecta con el cómico. Esa manera de escribir es lo que se puede llamar de una poética de la incomodidad, pues intenta hacer con que el lector tenga una actitud de crítica no solo ante el lenguaje, como ante lo que oprime la expresión humana.

Es posible ver también:


  



Mis dolores dolorosos mueren conmigo
soy de las aguas y la cicatrización en lo mojado
                                                                      es más difícil
Por ello véase el prospecto
  en este caso es mejor no agitar, antes de usarlo.
(Nuestra traducción)

Los poemas cortos de Ogum´s Toques se nos presentan el juego de palabras que hace sentido y bromea con nuestras relaciones con las cosas y personas en el cotidiano.
Es imposible no leer y saborear los nanos cuentos y poemas, pues además de lo escrito, hay un juego de dibujos y artes digitales en cada foto.
De hecho, esta nueva manera de escribir es una invitación para el lector que está conectado al mundo virtual y de él puede interactuar y disfrutar del nano texto con comicidad, musicalidad, reflexión y sobre todo leer la poesía que hay en la vida.
Así, noble lector, le invitamos a acceder a la página web de Ogum´s Toques Negros y apreciar sin moderación la poética negro-brasileña contemporánea.
Feliz Lectura.

Enlace de Ogum´s Toques Negros



segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Petróleo, bombas, manifestações e o que isso tem a ver comigo?

Petróleo, bombas, manifestações e o que isso tem a ver comigo?

Nunca na história do Brasil as manifestações populares tiveram tanta repercussão. Não é de agora que isso acontece no país. Temos dois exemplos históricos: a revolta da vacina em 1914 e a revolta da chibata liderada pelo Almirante Negro João Cândido em 1910. Sem falar nas rebeliões negras e políticas, é claro, de toda nossa trajetória.

Desde junho deste ano, a população brasileira está em evidência na mídia. Essa que, de maneira descaradamente reacionária, chamam de “vândalos” os movimentos sociais. Do ponto de vista filosófico e histórico, os vândalos esperavam a derrocada do império romano para invadi-lo. Dessa ótica é compreensível fazer o vandalismo no Brasil, ou seja, mudar a ordem vigente.

Além disso, hoje, dia 21 de outubro de 2013, vejo daqui, do canto da sala da casa onde moro na Colômbia  ‒ enquanto escrevo uma conferência sobre Solano Trindade e Jorge Artel, poetas negros que usaram sua escrita a favor da luta política e estética dos excluídos, especificamente os negros ‒, vejo pela internet, ao vivo, a luta de petroleiros para salvar o que é do povo brasileiro. O mais risível dessa situação é que o atual governo no PT levantou bandeiras e fez “vandalismo” na época, que não tenho a menor saudade, de FHC e sua “privataria” dos bens da nação brasileira.

Ora, como são repetíveis os fatos históricos, Monteiro Lobato, Graciliano Ramos que já foram perseguidos por defender nossa riqueza, o petróleo, agora são revividos em trabalhadores e trabalhadoras que não querem ser mais vítima dessa selvageria capitalista. Ao contrario dos escritores presos e seus livros apreendidos, a situação com o trabalhador, o estudante e os membros dos movimentos sociais é mais violenta. Eles são presos, recebem bombas, balas de borrachas e são classificados como bandidos para ludibriar a opinião pública. Cuidado, o governo e a mídia são perigosos.


Quem nos salvará? Nós mesmos. Essa roda viva da vida não para e nós seguiremos fazendo nossa história. O detalhe é estar atento e fazer valer nossa voz. Todo apoio aos movimentos sociais. Avante, nenhum passo atrás!

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Bater em professor é bom?

Bater em professor é bom?
Nestes dias, mais do que nunca vimos uma violência desmedida contra a classe de trabalhadores e trabalhadoras da educação. Os educadores e as educadoras do Rio de Janeiro somos nós. Eu, mesmo sendo da Bahia, não estou longe de sofrer pancadas de policiais a mando de governo sem o menor senso de tolerância, pois por aqui professor é tratado como ser sem importância pelos “coronéis”.
Os fatos ocorridos na câmara de vereadores carioca no dia primeiro de outubro de 2013 somente reforçam o que tem acontecido na educação brasileira: a violência velada.  A mídia descaradamente distorce os fatos e tenta colocar a opinião pública contra os professores. Isso é de uma baixeza inominável.
Tenho repulsa por esse sistema que massacra professor, desvaloriza a educação e preza pela manutenção de um ensino falido. Amigos, amigas, educadores e educadoras, não desistamos. Levemos esses fatos para sala de aula. Debatamos, formemos em nossos estudantes uma visão mais crítica de nosso entorno. A nossa tarefa é superar o mal que nos abate. O sistema quer nos deslegitimar.

Realmente, não há outro caminho senão destruir a barreira da ignorância. Temos nas mãos lápis e papel e alguém já disse que é o suficiente para fazer uma revolução. Necessitamos urgentemente mudar essa ordem. Professores do município do Rio de Janeiro, vocês somos nós! Avante sempre!

terça-feira, 23 de julho de 2013

Colômbia me assusta


Começo assim mesmo: Colômbia me assusta e justifico isso. Hoje estava na academia fazendo meus exercícios rotineiros, quando um amigo me questionou sobre a situação da Venezuela. Ele queria de toda maneira justificar que, como ele tinha vivido lá, segundo suas palavras, antes do governo de Hugo Chaves a situação era melhor. O presidente anterior, como era rico, disse o cidadão: “No le hacía falta robar” – me explicava em seu excelente espanhol, esse idioma que cada dia mais me encanta. Mas, segundo o amigo daqui, o irmão de Hugo Chaves, por exemplo, em um ano de governo do consanguíneo, já tinha adquirido três caminhonetes.

Eu ouvia o discurso dele atento e quando ele terminou lhe respondi: acontece na Venezuela a mesma coisa que sucede com os filhos de Álvaro Uribe aqui na Colômbia e os filhos de Lula e Dilma no Brasil. O poder abre portas para uns e fecha para outros, amigo – tentei lhe explicar no melhor espanhol possível, que ainda me trai.

Seguindo a prosa, eu disse ao estimado colombiano que essas coisas não devem ser encaradas como naturais, como normais. A exclusão e pobreza não devem ser vistas como qualidades inerentes da sociedade. Após ouvir isso ele me disse que votaria em mim para um cargo eletivo. Eu lhe respondi prontamente: não quero ser candidato, apenas me dê uma sala de aula e o eu faço a turma pensar. Nós podemos mudar isso, só a revolução popular fará essas transformações.

O amigo me disse que eu era radical. Seguiu falando dos problemas de Venezuela e ainda acrescentou Cuba. Eu para encurtar a conversa lhe pedi que me dissesse a sua  opinião  sobre o conflito agrário de Catatumbo aqui na Colômbia e os despejados de suas terras para construção de hidroelétrica da EPM junto com a empresa Camargo Correa do Brasil. Ele desconversou e saiu de perto de mim.

É por isso que Colômbia me assusta. Alguns de nossos “Hermanos” aqui estão mais preocupados com a situação social de Venezuela e de Cuba e se esquecem de refletir sobre seus problemas. Preferem vituperar o governo alheio a criticar seus mandatários e aliados tiranos e sanguinários. Afirmo que não são todos que pensam assim, ainda há muitos que lutam pela tranformação social desse país cada dia mais sedutor.


Medellín, 23 de julho de 2013.

sábado, 6 de julho de 2013

El extraño viaje del hombre grande: la búsqueda por el concepto de la vida (Presentación de libro)

Foto de portada,Denilson Lima Santos, archivo personal

 Alfonso Martínez Ruffones,. El Extraño Viaje del Hombre Grande. Lima: Albricias, 2011.



El libro El Extraño Viaje del Hombre Grande, del escritor peruano Alfonso Martínez Ruffones,6 de abril de 1959,relato de género fantástico que sirve entre otras cosas para reflejar  la vida y los caminos  de nuestro cotidiano. La obra es un relato – de 30 pequeñas hojas –  que relata el viaje ficticio de un escritor y dibujante de tebeos que deja de ser el  creador y pasa a ser la criatura. De ser humano a dibujo, el sujeto de la narrativa desvela sus preocupaciones con su entorno, desafíos, sobre todo el  miedo a una goma de borrar y un lápiz de grafito que crean y recrean su mundo de ficción. Además de eso, en medio del enredo hay un encuentro sorprendente del narrador con Dorelí que será la representación estética del femenino en la  narrativa. La historia no sólo se resume a tensiones existenciales, sino a conflictos personales, principalmente cuando aparece “un hombre con apariencia malévola” (p. 20). Todo en la narrativa lleva a un desenlace enigmático que invita al lector a saborear la ficción y desear su continuación. De hecho, el autor acertó en el grado y escritura del cuento y trasmitió para el lector, de manera natural, la invitación a un diálogo maduro y reflexivo sobre los problemas de la existencia.


Para adquirir la obra, puede escribir a: gulletmart@hotmail.com



Denilson Lima Santos (Profesor de literatura y ensayista brasileño)

domingo, 26 de maio de 2013

El guardián de flores


I

Dame tus manos Alicia
Ven conmigo y te muestro mi corazón
Soy negro como la noche arriba de las montañas
Y en mí cuerpo reguarda un fuego
Ven, no te detengas, lo haré tranquilamente
Te desnudaré sin prisa
Cierra los ojos cariño,
Sienta mi mano en tu cuerpo
Disfrutemos de este momento, mi dulce amor
Hagamos como las ovejas
No nos preocupemos con  mañana
El amanecer es el despertar de otras verdades
Caminemos
Salgamos
No nos importará lo que piensan los envidiosos
Sos mi flor
Soy tu pastor, tu guardián
Cuidemos de nuestro rebaño
De lanas puras te haré un poncho
Cocinaré las mejores carnes sudadas
Te velaré, cariño
En nuestro campo sólo tendremos la paz y el gozo

Ven conmigo, vivamos en este campito de flores y mariposas.

sábado, 25 de maio de 2013

Vamos ver o mar


Vamos ver o mar


- Vamos, Fernando, vamos dar uma volta de barco.
- Agora? Eu tenho que terminar esse trabalho de química, meu sol.
- Oras, santa paciência, Nando, vamos logo. Você sempre aí com suas coisas. É livro para lá, caderno para cá e eu aqui sempre te esperando.
- Ai, ai , seu Hélio, você e suas crises de ciúmes.
- Não, não senhor. Quero apenas ficar um pouco com você, posso?
- Claro, meu nego. O quanto você quiser. Veja, termino esse parágrafo e já saio, tudo bem?
- Sim, enquanto você termina, eu vou ligando o motor do barco.
- Sim, senhor capitão.
- Palhaço!
O cotidiano de Fernando e Hélio era dividido por afazeres – Hélio cuidava da casa – e cabia a Fernando dedicar-se à pousada em Guarajuba. Não havia brigas, mas os ciúmes de Hélio apimentavam a relação. Os conflitos aumentavam quando Fernando passava os domingos em estudo, leitura e análises de animais marinhos, sua paixão.
O cotidiano às vezes mudava. Nesse dia havia o passeio de barco que raramente os dois faziam. Talvez pudesse ser uma oportunidade, uma forma dos dois estarem mais juntos. É necessário jogar-se ao mar para descubrir-se.
- Fernando, me diga uma coisa.
- Sim, se quiser duas…
- O que você pensa em fazer quando terminar a universidade?
- Ah – respondeu com ar de surpresa – ainda não sei Hélio. Talvez uma especialização em oceanografia. Gosto muito do mar, você sabe.
- Sei e isso me espanta.
O sorriso brotou no rosto de Fernando e Hélio sabia que a paixão pela biologia e pelo mar eram notáveis em seu companheiro.
- Veja, Nando, tenho que lhe confessar. Estou cansado de tudo.
- De tudo? De tudo o quê? – Enquanto Hélio guiava o barco, Fernando o abraçou por trás e as quatro mãos guiavam juntas o timão. E recostado no ombro de Hélio, Fernando perguntou: - cansado de mim, meu amado?
- Também – secamente respondeu Hélio – sempre estou ao seu lado, mas às vezes é como se eu não estivesse. Você me olha e sinto como que sou um fantasma. Como se eu fosse invisível.
- Ora, meu querido, não fale assim. Não é verdade. Reconheço que algumas vezes sou displicente, mas, meu anjo, vou terminar o curso e me dedicarei a você.
- Não, Fernando, você seguirá seu caminho. Talvez encontre alguém a sua altura, né? Eu um reles pescador. Nascido e criado nessa praia. Acostumado a fazer redes, pescar, vender peixes na peixaria de meu pai. Não tenho vocação para estudo. Não sirvo para estar ao seu lado.
- Não é isso, meu querido, você é o homem mais inteligente que conheci. Veja esse mar. Você o domina. Você é filho dele. Tudo em sua vida, amado Hélio, é força, vitalidade. Às vezes tão intempestivo como o mar.
- Mas não tenho sua atenção. Queria ser um daqueles corais que você estuda todos os dias.
- Você é mais que eles, meu Deus iluminado. Sua existência me faz feliz.
- Queria acreditar, Nando… Vamos nadar. Vamos até aquele atol, lembra? Ficávamos ali até a maré encher. Depois subíamos no barco e observávamos as águas cobrirem, aos poucos, o minúsculo atol.
- Sim, eu lembro, vamos…
Os dois desceram e nadaram até o atol onde abraços e carícias se mesclavam em mergulhos juntos a cardumes coloridos. Às vezes se deitavam, no atol, de braços abertos e cabeças encostadas, eram como uma grande estrela do mar.
- Nando, me promete uma coisa?
- Se eu puder, Hélio, sim, prometo. Diga.
- Deixa tudo e se dedica a mim.
O sorriso espantoso tomou a face de Fernando.
- Como?! Não posso, meu filho do mar. Você sabe que é um projeto de vida. Vamos usar minha formação para fazer da nossa pousada um espaço para o ecoturismo, por favor, Hélio, não me peça isso.
- Entendo. Seus planos são sempre prioridades para você.
- Ai, meu querido sol, como é difícil você entender, não?
- Você, Nando, que é…
- É… diga, vamos…
- Esquece. Vou no barco pegar uma coisa e volto.
- Sim, espero. E esfria a cabeça.
Helio saiu em direção ao barco como quem não voltava e Fernando gritou:
- Hei, meu amor, você pode trazer o filtro solar. Hei, veja, te amo.
O sorriso de Hélio pareceu um sim, uma cumplicidade que Fernando esperava que seu amado pudesse ter, mas foi engano. O barulho do motor do barco indicava a partida sem retorno e sem rumo. Fernando alça a voz:
- Hélio, o que você está fazendo?
O barco se afastava pouco a pouco do atol e o ponto vermelho-amarelo dos corais se via mais distante. Hélio e o barco desapareciam lentamente na linha do horizonte. Fernando sentado via entre as lágrimas o esvanecer da fumaça desprendida do motor… o pôr-do-sol foi solitário naquele dia.

Medellín 20 de maio de 2013.



sábado, 18 de maio de 2013

Sobre exploração ou esse Brasil que precisa acordar


Sobre exploração ou esse Brasil que precisa acordar



Essa semana, na aula do doutorado, o professor, ao fazer uma crítica a um fragmento do  livro de Georges Bataille – “O Erotismo”, afirmou: “O tema desse texto é que o excesso de trabalho prejudica o desempenho sexual do ser humano. O autor escreveu o livro em sua época com este pensamento. Hoje quem afirmaria isso?. Quem atacaria o capitalismo dessa forma?. Ele foi intensamente ideológico”

Essa afirmação me incomodou até porque ainda hoje não há diferença. É perceptível a  exploração do homem pelo homem. Do endeusamento do capital em detrimento da dignidade humana. As estruturas do capital e da burguesia se valem de uma lógica: “A condição essencial da existência e da supremacia da classe burguesa é a acumulação de riquezas nas mãos de particulares, a formação e o crescimento do capital a condição de existência do capital é o trabalho assalariado” (Karl Marx e Frederico Engels, O manifesto comunista, p.27).

A exploração do trabalhador; as horas excessivas de trabalho; ou a falta dele por conta de um sistema brutal que exclui e marginaliza o humano não podem ser reduzidas a uma ideia de que estamos na “pós-modernidade” e não existe mais a luta de classe. Pode-se ver que o trabalho escraviza as pessoas, pois a exploração do trabalhador enriquece o patrão.

Muito oportuno é o filme “Quanto vale ou é por quilo” (em http://www.youtube.com/watch?v=fZhaZdCqrHg). Ao assistir a este filme, você pode refletir sobre um Brasil que no seu histórico está a exploração e apropriação da máquina do Estado para legitimar uma classe dominante. O povo, sobretudo, o negro sempre foi vítima deste sistema, quando não como escravo o é como bucha de canhão para “matar” o seu igual.

Como não pensar nisso? É a realidade que nos cerca. Não é possível estarmos nos gabinetes de estudo, nas bibliotecas enquanto o país se deteriora. É necessário refletir nosso entorno, reorganizá-lo. Pensar que não tem jeito é muito mais cômodo e fácil, pois esse é o discurso a classe dominante introjetou em nós para que suas ações dominantes não sejam questionadas.

Citação:
Marx, K. & Engels, F. O manifesto comunista. Versão www.jahr.org

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Um outro cânone


Um outro cânone

Dado um modelo de arte. Desse modelo se formará uma tradição. Dessa tradição só será permitida autores e obras estabelecida por um cânone. É aqui que começa a exclusão. Somos uma civilização forjada pela tradição greco-romana.
Esse tal cânone literário – formado por um ideário do homem, branco, ocidental – é a máxima expressão da negação do outro.
É preciso outra via. Eu já sei. Eu já a conheço.
Sou a favor de griotismo literário. Essas poucas regras ocidentais não dão conta de minha história. Sou herdeiro de África. Trago a voz de meus antepassados. Sou neto de Griots e filho de contadores de história do sertão brasileiro.
Impossível não desconstruir os pilares de uma teoria da literatura que exclui. Quero a negralização das letras. Sou irmão de luta de uma literatura indígena, a verdadeiramente autóctone.
Se isso é utópico, comungo com Eduardo Galeano: “A utopia está lá no horizonte. Me aproximo (sic) dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar”.
Assim sigo esse caminho, assim refaço o que tentam tirar de nós.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Por la calle


Por la calle

Ella  venía en la calle opuesta, a las 6 de la mañana y yo en el otro lado. Era demasiado temprano, pero quería fumar y se me había terminado mi cigarrillo.  – ¡Buenos días! – le dije.  – ¡Buenos días!  – me contestó. Su sonrisa despertó en mí un deseo desenfrenado. Su cuerpo aún traía las huellas de otros hombres y en su piel  todavía se escuchaba la melodía de la salsa. Ella encendió en mi cuerpo la chispa del sexo y allí en la calle nos tocamos, nos miramos y nos olimos uno al otro como perros encelo. La desnudé como si fuera romper un lacre duro de botella de vino. La lamía como perro salvaje que babeaba por el olor de su callejera perrita. Mis manos bailaban en su cuerpo delgado: de su cuello pasaba a los hombros y en diseños digitales bajaba por su cintura. Con las puntas sedientas de mis dedos le tocaba sus pezones y mi lengua los lubricaba. Recorrí con mis labios su abdomen, ombligo y en su sexo la sentía pulsar de placer. Como una hembra única, como hembra mía la poseí. Penetré cada centímetro de su cuerpo como el agua del baño matinal. Sentía la vibración de su cuerpo mientras mi miembrola frotaba por sus piernas suaves y dulces. Ella me abrazaba y me pedía:
-       ¡Mátame!
Sin titubear, la ahorqué con mis brazos que simulaban un abrazo por las espaldas, mientras ella se venía con un orgasmo que lavaba mi placer fálico.

Denilson Lima Santos, 27/08/2012