Começo assim mesmo:
Colômbia me assusta e justifico isso. Hoje estava na academia fazendo meus
exercícios rotineiros, quando um amigo me questionou sobre a situação da
Venezuela. Ele queria de toda maneira justificar que, como ele tinha vivido lá,
segundo suas palavras, antes do governo de Hugo Chaves a situação era melhor. O
presidente anterior, como era rico, disse o cidadão: “No le hacía falta robar” –
me explicava em seu excelente espanhol, esse idioma que cada dia mais me
encanta. Mas, segundo o amigo daqui, o irmão de Hugo Chaves, por exemplo, em um
ano de governo do consanguíneo, já tinha adquirido três caminhonetes.
Eu ouvia o
discurso dele atento e quando ele terminou lhe respondi: acontece na Venezuela a mesma coisa que sucede com os filhos de Álvaro Uribe aqui na Colômbia e os filhos de
Lula e Dilma no Brasil. O poder abre portas para uns e fecha para outros, amigo
– tentei lhe explicar no melhor espanhol possível, que ainda me trai.
Seguindo a
prosa, eu disse ao estimado colombiano que essas coisas não devem ser encaradas
como naturais, como normais. A exclusão e pobreza não devem ser vistas como
qualidades inerentes da sociedade. Após ouvir isso ele me disse que votaria em
mim para um cargo eletivo. Eu lhe respondi prontamente: não quero ser candidato,
apenas me dê uma sala de aula e o eu faço a turma pensar. Nós podemos mudar
isso, só a revolução popular fará essas transformações.
O amigo me
disse que eu era radical. Seguiu falando dos problemas de Venezuela e ainda
acrescentou Cuba. Eu para encurtar a conversa lhe pedi que me dissesse a
sua opinião sobre o conflito agrário de Catatumbo aqui na
Colômbia e os despejados de suas terras para construção de hidroelétrica da EPM
junto com a empresa Camargo Correa do Brasil. Ele desconversou e saiu de perto
de mim.
É por isso
que Colômbia me assusta. Alguns de nossos “Hermanos” aqui estão mais preocupados com a situação
social de Venezuela e de Cuba e se esquecem de refletir sobre seus problemas. Preferem
vituperar o governo alheio a criticar seus mandatários e aliados tiranos e
sanguinários. Afirmo que não são todos que pensam assim, ainda há muitos que lutam pela tranformação social desse país cada dia mais sedutor.
Medellín, 23
de julho de 2013.