quinta-feira, 30 de junho de 2011

De crianças roubadas à expropriação de países pobres

Denilson Lima Santos

Hoje, 29 de junho de 2011, eu assistia a um programa da CNN em espanhol sobre os meninos roubados do Nepal que trabalham como escravos. Em relação à função social de um assunto que nos tem atormentado em dias em que muitas nações se orgulham de serem democráticas, acredito que a emissora acertou. Entretanto, a matéria abordada pela rede de televisão direcionada ao público hispânico pecou em um aspecto: revelar a raiz do problema, ou seja, o capital de países ricos que destrói países pobres. Por que homens, isto é, traficantes, roubam meninas ̶̶̶ não somente no Nepal, mas em todo o mundo  ̶ e as vendem para trabalhar forçadamente como prostitutas?

Ao pensar nisso e observando a reportagem, apresentado por Demi Moore, uma frase me chamou a atenção. “Homens [criminosos] que se aproveita da pobreza de meninas e lhe oferecem emprego em uma cidade maior”. Eis o ponto que quero pensar: a pobreza. A quem interessa a pobreza? Quem lucra com a morte de milhares de pobres que sobrevive com menos de um dólar ou morrem de fome?

Mais que um caso de sequestro e roubo de vidas, por trás disso há a expropriação do capital sobre a vida de milhares de pessoas. Essas meninas do Nepal, como as da Nigéria ou do Brasil e de tantos outros lugares, são vítimas de um sistema que glorifica o lucro exacerbado e vitima a vida do outro sem a menor ponderação sobre a dignidade humana.

Apesar desse problema social e crônico, acredito que o que os movimentos sociais podem fazer é pressionar governos, além disso, devemos refletir em algo que é crucial: se não se mudar a forma de tratar as nações pobres, haverá sempre traficantes, narcotraficantes se aproveitando da fragilidade da população desses países que vivem abaixo da linha da pobreza. O mundo como segue, onde os detentores do grande capital exploram a vida humana à custa de alimentar os sistemas financeiros, industriais e outros; só vai ser celeiro de proliferação de misérias humanas.

Assim, acredito que a sociedade e governo devem combater e sanar esse problema do trabalho escravo e concomitantemente cobrar dos poderosos países, das superpotências, a erradicação da exploração de países pobres por meio de instituições como FMI, BIRD e tantas outras.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Para além da Tragédia





Esse é meu primeiro livro publicado. É a tentativa de  tornar público meus pensamentos e ideias. Acredito na palavra como diálogo e, por isso convido vocês a lê-lo e criticá-lo.

Meu Sertão


Sim, Rosa, aqui me dói
Daqui, olho e não vejo meu Sertão
Vejo serras, matas, grandes cafezais
Me saltam aos olhos  chicas e chicos, mas não vejo moças e os cabras da peste
Esse verde de Pereira que ofusca meus olhos, mas meu coração se debruça
e insiste em manter-se avermelhado e cinzento
Cactos, macambira, falcão, nem vaqueiros
Aqui não há Jacuípe, há Otum
Não vejo ruas como a Conselheiro Franco, nem Senhor dos Passos
Não encontro a Universidade Estadual , nem aquelas baladas de sábado à noite
Mas , meu caro Rosa, eu vejo pessoas: negras, brancas, mestiças, tal qual minha Feira
Gente viva, alegre e hospitaleira
Esse meu sertão daqui  está nos Andes, e se faz  tão infinito e cheios de veredas quanto o de minha Bahia.

Pereira-Risaralda, Colombia 13/05/11 03:04 p.m.