Um outro cânone
Dado um modelo de arte. Desse modelo se formará uma tradição. Dessa
tradição só será permitida autores e obras estabelecida por um cânone. É aqui
que começa a exclusão. Somos uma civilização forjada pela tradição
greco-romana.
Esse tal cânone literário – formado por um ideário do homem, branco,
ocidental – é a máxima expressão da negação do outro.
É preciso outra via. Eu já sei. Eu já a conheço.
Sou a favor de griotismo literário. Essas poucas regras ocidentais não
dão conta de minha história. Sou herdeiro de África. Trago a voz de meus
antepassados. Sou neto de Griots e filho de contadores de história do sertão
brasileiro.
Impossível não desconstruir os pilares de uma teoria da literatura
que exclui. Quero a negralização das letras. Sou irmão de luta de uma literatura
indígena, a verdadeiramente autóctone.
Se isso é utópico, comungo com Eduardo Galeano: “A utopia está lá no
horizonte. Me aproximo (sic) dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho
dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais
alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de
caminhar”.
Assim sigo esse caminho, assim refaço o que tentam tirar de nós.
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