
Esses negros, quem são os meus irmãos?
Ao ler o poema, Negros de Solano Trindade, eu penso na
atualidade desses versos do poeta negro brasileiro:
NEGROS
Negros que escravizam
E vendem negros na África
Não são meus irmãos
Negros senhores na América
A serviço do capital
Não são meus irmãos
Negros opressores
Em qualquer parte do mundo
Não são meus irmãos
Só os negros oprimidos
Escravizados
Em luta por liberdade
São meus irmãos
Para estes tenho um poema
Grande como o Nilo
(O poeta do povo, São Paulo:
Segmento Farma, 2008, p.41)
Constantemente vejo negros contra
as cotas raciais, submetendo outro negro à opressão. Negros que escravizam,
exploram outros negros no trabalho, na escola, no bairro. A esses que usam da exploração
para perseguir, humilhar, escravizar outro negro, jamais chamarei de irmãos. Eu
os chamarei de capitães do mato. De
algozes dos descendentes de Zumbi dos Palmares.
Não é algo utópico, é real. Aos irmãos negos oprimidos, devemos nos juntar
e combater o opressor que está na empresa, na escola, nos partidos políticos,
no governo. A melanina na pele não é o suficiente para dizer que é meu irmão.
Se oprimir o outro, se o escravizar, também é contra mim.
Sendo assim, a poesia do tamanho
do Nilo, como nos verseja Trindade, deságua no nosso cotidiano. Passa por nós,
renovando a consciência do poema liberdade. Do poema vida tecido por minha irmã
preta que vende frutas na esquina, por meu irmão preto que varre a rua. Ou pelo
negro que estuda para aprender a combater o opressor em todas as instâncias. A
esses chamo de irmãos, de fé, de luta.
Avante, irmãos que lutam por
LIBERDADE!
Denilson, Pereira, Colômbia
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