Queria
entender o que passa na cabeça de muita gente. Impossível, não? Vejo o Brasil
mergulhado em incertezas, em problemas tão cruciais que alguns ainda não se
deram conta. São mães parindo na calçada por falta de atendimento em hospitais
e estes, os das clínicas, de muitas universidades públicas, funcionado de
maneira caótica. A educação básica insuficiente. A mobilidade urbana das
grandes cidades, não, essa nem imaginar! A poluição que degrada os rios, as florestas e
o ser humano. As populações indígenas com suas terras roubadas pelo agronegócio.
Comunidades quilombolas oprimidas pela especulação imobiliária, perdendo o
direito de morar onde sempre viveram desde o crime de lesa-humanidade, que foi
a escravidão.
Sinceramente,
são tantas coisas que as enumerações acima carecem de revisão, de acréscimo.
Queria não pensar negativamente. Queria não perder a fé no ser humano, mas está
difícil. Hoje é mais fácil fazer um ajuntamento e invadir a casa de uma vizinha,
mãe, esposa, filha e linchá-la até a morte porque, através de um boato da
internet, ela é a sequestradora de criança da cidade. E, diga-se de passagem,
que a pobre mulher nunca foi acusada de nenhum crime, morreu sem defesa e
inocente. É mais fácil promover a justiça com as próprias mãos, coisa tão
bestial, que reunir-se em grupos, digo, a população em peso nas praças e reivindicar
do poder público uma mudança drástica, quer dizer, mudar a direção do país.
Até quando
vamos ver isso acontecer? Meu medo é
que naturalizemos esta violência. Isso será o fim da picada. Passarmos pelas
ruas e ver cadáveres e pensar: “só mais um”. O brasileiro, ou melhor, a
sociedade civil organizada precisa despertar, dar um basta antes que nos
eliminemos uns aos outros ao velho estilo do coliseu romano. E se me permitem,
queria pedir à sociedade duas coisas simples: um café quentinho e muita
civilidade, por favor.
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