terça-feira, 23 de julho de 2013

Colômbia me assusta


Começo assim mesmo: Colômbia me assusta e justifico isso. Hoje estava na academia fazendo meus exercícios rotineiros, quando um amigo me questionou sobre a situação da Venezuela. Ele queria de toda maneira justificar que, como ele tinha vivido lá, segundo suas palavras, antes do governo de Hugo Chaves a situação era melhor. O presidente anterior, como era rico, disse o cidadão: “No le hacía falta robar” – me explicava em seu excelente espanhol, esse idioma que cada dia mais me encanta. Mas, segundo o amigo daqui, o irmão de Hugo Chaves, por exemplo, em um ano de governo do consanguíneo, já tinha adquirido três caminhonetes.

Eu ouvia o discurso dele atento e quando ele terminou lhe respondi: acontece na Venezuela a mesma coisa que sucede com os filhos de Álvaro Uribe aqui na Colômbia e os filhos de Lula e Dilma no Brasil. O poder abre portas para uns e fecha para outros, amigo – tentei lhe explicar no melhor espanhol possível, que ainda me trai.

Seguindo a prosa, eu disse ao estimado colombiano que essas coisas não devem ser encaradas como naturais, como normais. A exclusão e pobreza não devem ser vistas como qualidades inerentes da sociedade. Após ouvir isso ele me disse que votaria em mim para um cargo eletivo. Eu lhe respondi prontamente: não quero ser candidato, apenas me dê uma sala de aula e o eu faço a turma pensar. Nós podemos mudar isso, só a revolução popular fará essas transformações.

O amigo me disse que eu era radical. Seguiu falando dos problemas de Venezuela e ainda acrescentou Cuba. Eu para encurtar a conversa lhe pedi que me dissesse a sua  opinião  sobre o conflito agrário de Catatumbo aqui na Colômbia e os despejados de suas terras para construção de hidroelétrica da EPM junto com a empresa Camargo Correa do Brasil. Ele desconversou e saiu de perto de mim.

É por isso que Colômbia me assusta. Alguns de nossos “Hermanos” aqui estão mais preocupados com a situação social de Venezuela e de Cuba e se esquecem de refletir sobre seus problemas. Preferem vituperar o governo alheio a criticar seus mandatários e aliados tiranos e sanguinários. Afirmo que não são todos que pensam assim, ainda há muitos que lutam pela tranformação social desse país cada dia mais sedutor.


Medellín, 23 de julho de 2013.

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