quinta-feira, 28 de junho de 2012

Por uma nação descolonizada


Por uma nação descolonizada

Na tarde dessa quarta-feira dia 27 de junho de 2012. Naquele momento em que estava estudando, dessa vez me dedicava a entender Borges e sua magnífica ficção, quando, num momento de descanso, entrei no sítio da bol, para ver meu e-mail e uma notícia me chamou a atenção: Jovem conta como encontrou menina desaparecida em SP. O jovem Alex Ramos de Carvalho havia encontrado uma garotinha que fora seqüestrada de sua mãe em um culto evangélico.

Para além de ato de heroísmo, uma coisa me chamou a atenção e me comoveu profundamente. O jovem de 17 anos é analfabeto e nos relata com suas palavras “ (...)  trabalho como repositor de estoque numa bomboniere. É meu segundo emprego. O primeiro foi de camelô, na 25 de março. Mas cansei de correr do "rapa" (batidas policiais)”.

Isso me fez pensar em um texto que nos tira do chão e nos dá um soco no estômago, o livro de Aimé Cesaire, Discurso sobre el colonialismo. A partir dessa obra, penso num Brasil que ainda permite jovens serem analfabetos. Certamente a história de vida desse moço é recheada de negação de oportunidades. Como já diz o velho Cesaire: “Uma  civilização que escolhe fechar os olhos ante seus problemas mais cruciais é uma civilização ferida” (p.13).

Sem dúvida, o Brasil é uma nação ferida, moribunda, incapaz de resolver seus problemas que dificultam seu funcionamento. Digo isso do ponto de vista social, daquilo que é essencial: a vida. Jovens que não leem, estão fadados a opressão. Uma nação que nega educação, saúde e trabalho a seus filhos é uma nação decadente.

Como ressonância dessa visão colonizadora e expropriadora que o governo e a elite do Brasil têm, vemos propaganda de copa do mundo, olimpíada do Rio de Janeiro e outras corrupções nos setores públicos. O cidadão que luta para sobreviver, pensa como o jovem herói Alex: “Às vezes, fico pensando na vida, vem tudo, o serviço, minha mãe, esse negócio da alfabetização, caramba, tudo numa pessoa só, foda”

De fato, precisamos como nação brasileira romper as cadeias da ignorância. Não permitir que nosso povo fique na senda ofuscada do analfabetismo. Isso é estar vulnerável e fadado à dominação. Mais do que nunca precisamos refletir e agir contra isso: a colonização e expropriação de nossa gente por aqueles que estão no poder ou detêm o poder financeiro.

Denilson Lima Santos, Pereira-Risaralda, Colombia


Referencias:

CESERE, Aimé. Discurso sobre el colonialismo. In: http://www.mediafire.com/?jdjj2ymyimm. Acesso em 26 de jul de 2011.

Reportagem: Jovem conta como encontrou menina desaparecida em SP. http://noticias.bol.uol.com.br/brasil/2012/06/27/jovem-conta-como-encontrou-menina-desaparecida-em-sp-leia-depoimento.jhtm

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